Infindáveis dias de Isolamento

30/09/2020

Os que podem continuam despertando toda manhã,

Mas  a vida parece não acordar de um pesadelo infinito,

As esperanças não são novas mas continuam vans,

E tudo passa muito lento num presente que não foi escrito.

 

Pessoas separadas de suas famílias de seus pares,

Hospitais sem leitos, ruas desertas, a cura inexistente.

A pandemia aterroriza e se infiltra em todos os lugares,

E fica sustador um simples seguir em frente.

 

O homem não  nasceu  para viver sozinho, sem multidão...

Brindar com uma taça só é uma missão  triste e amarga,

De um simples abraço a  um forte aperto de mão,

Tudo faz falta num tempo de isolamento que  se alarga.

 

O som da água que faz e refaz o caminho na fonte,

A mágoa apertando o peito  pela liberdade que não vem,

E olhando o despenhadeiro sem visualizar a ponte,

Continuamos isolados  pois o vírus nos faz refém.

 

Pior é não conhecer o que está do outro lado,

O que nos espera após esta travessia macabra.

Assim passamos os dias num horizonte apertado,

Esperando que a porta da cura surja e se abra.

 

Sozinhos somos mais tristes, mais fracos,

Travamos um confronto desigual com  a pandemia.

O arco-íris da vida  coberto de negro e opaco,

É uma bandeira marcada pelo tom da agonia.

 

Da Coletânea UMA POESIA POR DIA PARA ENFRENTAR A PANDEMIA

Autora: Roseli Cachoeira Sestrem